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Livro aborda leishmanioses, doenças tropicais entre as mais negligenciadas no mundo

No Brasil, ela já foi responsável por epidemias em diferentes cidades. Nos últimos dez anos, sua letalidade aumentou em diversas regiões do país. Em várias partes do mundo ela vem se expandindo, inclusive em lugares onde, anteriormente, não havia registro de transmissão. A infecção por parasitos do gênero Leishmania causa uma das doenças tropicais mais negligenciadas da atualidade. Estima-se que existam 350 milhões de pessoas em risco de contrair a infecção, sobretudo nas áreas mais pobres do planeta, e que dois milhões de novos casos de leishmanioses ocorram a cada ano. Esse grave cenário justifica o esforço empreendido pelos organizadores e demais pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) especialistas no assunto, assim como por profissionais de outras unidades da Fiocruz e instituições brasileiras: eles prepararam uma coletânea que compila o conhecimento já existente sobre o assunto, identifica os principais desafios e discute estratégias para enfrentá-los.

 

O resultado pode ser conferido no livro Leishmanioses do Continente Americano, organizado por Fátima Conceição-Silva e Carlos Roberto Alves, e publicado pela Editora Fiocruz. A obra tem 26 capítulos e envolveu mais de 60 cientistas. “As leishmanioses permanecem como uma das doenças parasitárias de grande impacto para a humanidade. Podemos afirmar que ainda temos muitas questões não respondidas e pensar sobre elas, além de ser um bom exercício, é acima de tudo uma necessidade. Neste livro, especialistas se debruçaram sobre algumas dessas questões, o que, em determinadas situações, fez surgir novas questões. Nem todas têm resposta fácil, mas pensar sobre elas é nosso trabalho”, afirmam os organizadores.

 

As leishmanioses são doenças infecciosas causadas por diferentes espécies de parasitos do gênero Leishmania. Eles são transmitidos ao homem e a outros animais – inclusive cães e outros animais domésticos. A transmissão ocorre através de insetos chamados flebotomíneos. O parasito invade as células humanas para se multiplicar, o que acarreta uma reação do sistema imunológico da pessoa.

A interação entre esses dois fatores – multiplicação do parasito e resposta imune – resulta numa infecção mais ou menos grave. Dependendo da espécie de Leishmania que infectou a pessoa, podem ocorrer lesões ou na pele e mucosas, ou em órgãos viscerais, como fígado e baço, e medula óssea. No primeiro caso, chama-se leishmaniose tegumentar; no segundo, leishmaniose visceral. Desnutrição, características genéticas e concomitância de outras doenças costumam agravar os quadros de leishmaniose visceral, sendo que o diagnóstico tardio é um dos aspectos que mais fazem aumentar o risco de morte.

 

“Mesmo com grande prevalência e com os conhecimentos atuais sobre a relação entre o parasito e o seu hospedeiro, poucos avanços foram obtidos no tratamento dessa parasitose”, avaliam os organizadores. “Todos os fármacos usados no tratamento das leishmanioses têm limitações quanto ao seu emprego, tais como custo elevado, dificuldade de administração, toxicidade ou ainda o desenvolvimento de possível resistência, o que representa grande obstáculo para o sucesso da terapia”, observam.

 

No livro, os autores discutem não só o passado e o presente desses tratamentos, mas também uma série de outras questões relacionadas às leishmanioses. São abordados diagnóstico, resposta imune, espectro clínico, modelos experimentais e ciclos de transmissão, assim como o parasito e seus aspectos evolutivos, taxonômicos, ultraestruturais, bioquímicos e metabólicos.

 

Sobre os organizadores:

Fátima Conceição-Silva: Médica e doutora em ciências, com pós-doutorado na Universidade de Lausanne (Suíça). É pesquisadora titular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e professora da Escola de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques. Tem experiência na área de imunologia e parasitologia/micologia médica, com ênfase em leishmaniose tegumentar americana, esporotricose e outras doenças granulomatosas do tegumento cutâneo-mucoso, incluindo imunidade da pele.

 

Carlos Roberto Alves: Biólogo e doutor em ciências. Atualmente é pesquisador titular do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Tem experiência na área de parasitologia, com ênfase em bioquímica de protozoários parasitos. Desenvolve pesquisas com proteínas de Leishmania spp e seus mecanismos de ação na fisiologia destes protozoários e na interação com seus hospedeiros.

Veja a ficha técnica e onde comprar o livro.

(Fonte: Editora Fiocruz)