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Evidências científicas, ferramentas e práticas para fortalecer a APS

De 1 a 3 de maio de 2025, em Teresina, no Piauí aconteceu a sétima edição do Congresso Internacional de Atenção Primária à Saúde (VII CIAPS), reunindo mais de 1200 participantes entre gestores, trabalhadores e pesquisadores, em torno do tema “Ferramentas inovadoras para qualificação da Atenção Primária à Saúde (APS) e redução da mortalidade materna”. Organizado pelo Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Permanente em Saúde da Universidade Federal do Piauí (NUEPES/UFPI), o evento vem se consolidando como espaço estratégico para o fortalecimento das políticas de proteção à saúde materna na Atenção Primária.

A conferência magna de abertura foi proferida por João Paulo Souza, Diretor da BIREME/OPAS/OMS, com o título “Fortalecimento da APS: Inovações e o Caso da Saúde Materna”. O diretor abordou a transformação digital, a decisão baseada em evidências e os “super determinantes da saúde” como eixos estruturantes para a redução da mortalidade e a qualificação do cuidado. Com foco no apoio à tomada de decisão em saúde, sua fala ressaltou a função estratégica das soluções desenvolvidas pela BIREME para organizar e disseminar evidências científicas, ampliando o acesso ao conhecimento nos países da Região das Américas. Este papel constitui um atributo essencial da cooperação técnica promovida pelo Centro.

Destaques da programação

A BIREME teve participação destacada no congresso. Verônica Abdala, Gerente de Produtos e Serviços de Informação (PSI), liderou uma oficina técnica de seis horas sobre a metodologia de construção dos Mapas de Evidências. A atividade contou com aproximadamente 30 participantes e apresentou o modelo sistematizado para o mapeamento, seleção, avaliação e categorização de evidências científicas aplicadas à saúde pública, com foco nas necessidades de informação no contexto da APS.

Durante a sessão de encerramento, Verônica Abdala apresentou a Declaração de Teresina para Redução da Mortalidade Materna, proposta pela coordenação do evento em homenagem à professora Lis Marinho coordenadora geral do VII CIAPS. O documento propõe a criação da RedeLIS, iniciativa colaborativa dedicada ao enfrentamento da mortalidade materna no Piauí e em outras regiões. Para Verônica, o CIAPS representa um espaço estratégico de interação, intercâmbio de experiências e aprendizado contínuo, essencial para conectar diferentes contextos da saúde pública. “As evidências são globais, mas a saúde é local, é nas pessoas”, destacou.

Outro destaque foi a apresentação de Bremen Mucio, ex- Assessor Regional em Saúde Sexual e Reprodutiva da OPAS, sobre o Sistema de Informação Perinatal (SIP), desenvolvido pelo Centro Latino-Americano de Perinatologia, Saúde da Mulher e Reprodutiva (CLAP/SMR/OPAS/OMS). A ferramenta foi apresentada como experiência exitosa para a monitorização clínica e capacitação de trabalhadores da APS para o atendimento de gestantes e recém-nascidos.

Foto: Divulgação UFPI.

Cooperação técnica em pauta

Durante a missão em Teresina, a equipe da BIREME também participou de uma série de reuniões bilaterais com instituições nacionais e regionais, fortalecendo articulações estratégicas voltadas à cooperação técnica em saúde digital, medicina tradicional e práticas integrativas, cuidado domiciliar e saúde indígena. As conversas sinalizaram oportunidades de ampliação da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e da integração de novas plataformas temáticas e redes colaborativas ao ecossistema de informação da BIREME.

Na avaliação do diretor João Paulo Souza, a presença da BIREME no CIAPS reafirma o compromisso com a democratização da informação científica, o fortalecimento das capacidades locais e o apoio à tomada de decisão baseada em evidências, pilares essenciais para a equidade em saúde. “Parabenizo a organização do CIAPS por promover um espaço inspirador e transformador. Que os diálogos iniciados em Teresina continuem reverberando em ações concretas e duradouras”, ressaltou.

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/05/30/__trashed/

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Em desenvolvimento a Plataforma SUS Digital

Em 7 de maio de 2025, a BIREME realizou reunião interna de lançamento do projeto da Plataforma SUS Digital. O encontro marcou o início oficial do cronograma de desenvolvimento e teve como objetivo iniciar a implementação das atividades de consenso durante o processo de cocriação com a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde (MS), e compartilhar diretrizes e alinhar as próximas etapas com as equipes envolvidas.

O projeto está no contexto do Termo Aditivo 1 ao Termo de Cooperação 157 (TA1/TC157) entre a OPAS Brasil e a SEIDIGI/MS e que conta com a participação da BIREME no desenvolvimento da Plataforma SUS Digital.

Plataforma SUS Digital: uma resposta integrada às demandas da saúde digital

Instituído pela Portaria GM/MS nº 3.232, de 1º de março de 2024, o Programa SUS Digital visa ampliar o acesso da população aos serviços e ações de saúde por meio de soluções tecnológicas digitais. Com foco em inovação e equidade, o Programa tem a missão de conectar cidadãos ao Sistema Único de Saúde (SUS) em todas as etapas do atendimento, além de prover informação essencial para o acesso a cuidados integrais.

Com todos os estados, municípios e o Distrito Federal já tendo aderido à iniciativa, a plataforma que está sendo desenvolvida pela BIREME atuará como um ponto centralizador de informação, produtos, serviços e iniciativas relacionadas à transformação digital do SUS. Seu objetivo é facilitar o acesso à informação por parte de cidadãos, profissionais e gestores da saúde, promovendo a eficiência e a integração entre os diferentes usuários e instâncias do sistema.

A plataforma reunirá todo o conteúdo produzido pelo programa em um repositório estruturado, facilitando sua visibilidade e uso estratégico, ressaltou Verônica Abdala, gerente de Produtos e Serviços de Informação (PSI) da BIREME/OPAS/OMS. Entre os recursos previstos estão: serviço de busca integrada, seções editoriais temáticas, espaços dedicados a públicos distintos, e a integração de produtos como a Rede Brasileira de Telessaúde, Segunda Opinião Formativa (SOF) e Ajudas Decisionais. Também estão previstos conteúdos interativos, como relatos de experiências e depoimentos reunidos na seção Vozes do SUS Digital.

Etapas do projeto e abordagem colaborativa

A proposta foi construída de forma colaborativa pelas equipes da SEIDIGI/MS e da BIREME cujo desenvolvimento se caracteriza por quatro fases:

  • Fase 1: desenvolvimento de protótipos e arquitetura da informação
  • Fase 2: versão alpha da plataforma e capacitação de equipes
  • Fase 3: versão beta com testes de usabilidade e versão em inglês
  • Fase 4: operação regular e estratégias de sustentabilidade da plataforma

Durante a reunião de lançamento, Verônica Abdala (PSI) destacou que o projeto é fruto de um processo intenso de cocriação com a SEIDIGI, incluindo a elaboração de um protótipo de baixa fidelidade previamente aprovado, que já está incorporado como marco inicial do desenvolvimento. “A expectativa é que a nova plataforma funcione como um verdadeiro hub digital do Programa SUS Digital, promovendo um ecossistema de saúde digital mais conectado, acessível e documentado, com foco na usabilidade, navegabilidade e acesso aberto à informação em saúde pública”, ressaltou.

O mapeamento de conteúdo, público-alvo e funcionalidades da plataforma foram definidos durante uma oficina de ideação e cocriação, realizada com integrantes da SEIDIG/MS e da BIREME, em São Paulo, na Sede da BIREME, em 16 de janeiro de 2025.

 

Saiba mais:

Transformação digital do SUS: BIREME apoia desenvolvimentos – Boletim BIREME/OPAS/OMS

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/05/30/em-desenvolvimento-a-plataforma-sus-digital/

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TMGL e BVS MTCI no Relatório Anual do GTMC/OMS

A Divisão de Cobertura Universal de Saúde e Ciclo de Vida da Organização Mundial da Saúde (OMS) coordenou a publicação do relatório anual do Centro Global de Medicina Tradicional da OMS (GTMC, por sus sigla em inglês), publicado em 23 de maio de 2025, e disponível online, em inglês (clique aqui para acessar). O documento inclui seus principais resultados agrupados em: (1) Liderança e engajamento político; (2) Cúpula Global de Medicina Tradicional; (3) Pesquisa e evidências; (4) Atenção primária à saúde e cobertura universal de saúde; (5) Conhecimento indígena e biodiversidade; (6) Aplicações de saúde digital; (7) Coordenação entre a OMS e o Governo da Índia; e (8) Recursos humanos, orçamento e financiamento.

A colaboração dos Escritórios Regionais da OMS também é considerada uma realização regional, e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que também atua como Escritório Regional da OMS para as Américas, compartilhou suas atividades de cooperação técnica. O Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME) compartilhou os avanços da Biblioteca Global de Medicina Tradicional da OMS (TMGL, por sua sigla em inglês), destacando seu papel estratégico na tomada de decisões informadas por evidências, priorização de pesquisas e integração do conhecimento em Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI) nos sistemas de saúde em todo o mundo.

TMGL: Biblioteca Global de Medicina Tradicional da OMS

A TMGL da OMS, atualmente em sua versão Beta (v.02), é uma iniciativa digital colaborativa desenvolvida pela BIREME em parceria com o GTMC da OMS. Projetada para fornecer acesso global ao conhecimento em MTCI, a TMGL atende pesquisadores, provedores de cuidados, formuladores de políticas e o público em geral, por meio da indexação, arquivamento e facilitação do acesso a uma variedade de recursos relacionados à MTCI.

Aprovada pela 78ª Assembleia Mundial da Saúde em 26 de maio de 2025, a nova “Estratégia Global da OMS sobre Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas 2025-2034” direciona a comunidade internacional para o desenvolvimento de uma base de evidências inclusiva e abrangente para apoiar a introdução de práticas MTCI efetivas e seguras nos sistemas nacionais de saúde, conforme considerado adequado por cada país. “Nesse processo, a TMGL irá desempenhar um papel fundamentar como um conduíte de conhecimento que faz a ponte entre o conhecimento tradicional, a evidência científica e a implementação prática desse conhecimento nos sistemas de saúde”, destacou João Paulo Souza, diretor da BIREME, sobre a aprovação do documento pelos Estados Membros.

Uma iniciativa-chave dentro da estratégia da OMS para a medicina tradicional, a TMGL conta com contribuição financeira direta da Índia e contribuições em espécie de diversos parceiros, incluindo os seis escritórios regionais da OMS, que participaram na definição do marco de priorização da pesquisa global em medicina tradicional. A biblioteca organiza, estrutura e fornece acesso à literatura científica e técnica externa, garantindo visibilidade para pesquisas de alta qualidade em MTCI em todo o mundo.

Esforços regionais da OPAS em MTCI e o papel da BIREME

Como parte de seus esforços mais amplos para fortalecer as medicinas tradicionais, complementares e integrativas nas Américas, a OPAS vem implementando ativamente iniciativas que complementam a TMGL e a missão da Biblioteca Virtual em Saúde MTCI das Américas (BVS MTCI Américas). Em 2024, a OPAS iniciou o desenvolvimento de perfis nacionais sobre MTCI, conforme destacado no Relatório Técnico 2024 do GTMC da OMS, fornecendo uma caracterização abrangente sobre como essas práticas estão integradas aos sistemas de saúde nacionais.

Paralelamente, a OPAS lançou uma estratégia para avaliar a qualidade dos serviços de saúde em unidades que incorporam MTCI, assegurando a padronização e identificando áreas de melhoria. A OPAS apoiou a implementação da ferramenta de condições essenciais (VCEm) na Bolívia e no Paraguai em 2024, avaliando como os padrões nacionais incorporam o respeito às condições socioculturais e garantem o acesso à informação para comunidades indígenas.

Como centro especializado da OPAS, a BIREME desempenha um papel fundamental no apoio a essas iniciativas, assegurando que as informações relevantes estejam acessíveis por meio da BVS MTCI e que o conhecimento gerado a partir desses esforços contribua para a base de conhecimento global da TMGL.

BVS MTCI Américas: Motor-chave no desenvolvimento da TMGL

Na concepção da TMGL, a OMS não apenas se inspirou na BVS MTCI Américas, como também aproveitou a expertise e as metodologias desenvolvidas por meio dessa BVS para construir a base da estrutura, curadoria de conteúdo e expansão de sua biblioteca global.

Desenvolvida pela BIREME, a BVS MTCI Américas serve como um modelo regional para a TMGL, demonstrando uma abordagem estruturada e baseada em evidências para a gestão do conhecimento em MTCI. No entanto, sua contribuição vai além de um modelo de referência — ela tem moldado ativamente o desenvolvimento da TMGL por meio de expertise especializada em curadoria de conteúdo, estruturação temática e expansão de bases de dados.

As principais contribuições dos especialistas da BVS MTCI Américas para a TMGL incluem o mapeamento de conteúdos essenciais para inclusão no portal, a curadoria de informações para garantir acesso estruturado, relevante e de alta qualidade a recursos sobre MTCI, e o desenvolvimento de uma estrutura temática para orientar a coleta de dados em bases e repositórios. Além disso, sua experiência tem contribuído para a expansão das bases de dados da TMGL, incluindo a curadoria de conteúdo de grandes eventos globais e o desenvolvimento de critérios de inclusão para os recursos da TMGL, assegurando rigor científico e confiabilidade dos materiais disponibilizados pela plataforma.

Refletindo sobre essa colaboração estratégica, João Paulo Souza, Diretor da BIREME, enfatizou sua importância institucional: “A colaboração com o GTMC para o desenvolvimento da TMGL representa um marco para a BIREME, pois fortalece nossa missão de ampliar o acesso à informação de qualidade para profissionais de saúde, formuladores de políticas públicas e o público em geral. Além disso, impulsiona inovações em nossos produtos e serviços, com potencial de aplicação em todo o nosso portfólio, e nos permite contribuir diretamente para o estabelecimento de uma entidade co-irmã da BIREME no âmbito da OMS, dado que o GTMC é um Centro Especializado da OMS na temática da Medicina Tradicional, assim como a BIREME o é em ciências da informação em saúde.”

Ao aproveitar a expertise, metodologias e conteúdos curados desenvolvidos por meio da BVS MTCI, a TMGL está posicionada para ampliar seu alcance global, garantindo que o conhecimento em medicina tradicional permaneça estruturado, acessível e impactante para profissionais, formuladores de políticas e pesquisadores em todo o mundo.

Acesso fortalecido ao conhecimento em medicina tradicional

A inclusão da TMGL e da BVS MTCI Américas no Relatório Anual do GTMC da OMS reforça sua importância estratégica para a medicina tradicional no contexto da saúde global. A BIREME, em parceria com a OMS e seus colaboradores globais, continua fortalecendo a infraestrutura de informação em MTCI, promovendo o acesso à evidência científica e apoiando a integração do conhecimento tradicional nos sistemas de saúde.

  1. Biblioteca Global de Medicinas Tradicionais OMS: nova etapa de desenvolvimento – Boletim BIREME/OPAS/OMS
  2. Avanços no desenvolvimento da Biblioteca Global de Medicina Tradicional – Boletim BIREME/OPAS/OMS
  3. Avanços da Biblioteca Global OMS de Medicinas Tradicionais – Boletim BIREME/OPAS/OMS
  4. Centro especializado da OPAS para informação em ciências da saúde, BIREME coordenará desenvolvimento da Biblioteca Global de Medicina Tradicional da OMS – Boletim BIREME/OPAS/OMS
  5. BVS MTCI Américas será modelo para o desenvolvimento da futura Biblioteca Global de Medicina Tradicional da OMS – Boletim BIREME/OPAS/OMS

A TMGL e a BVS MTCI Américas continuam a evoluir como referências globais no acesso ao conhecimento em medicina tradicional. Acompanhe as atualizações no Boletim BIREME para saber mais sobre os próximos avanços dessa iniciativa.

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/05/30/tmgl-bvs-mtci-no-relatorio-anual-do-gtmc-oms/
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Experiências com IA apresentadas em encontros globais

A BIREME/OPAS/OMS participou de dois encontros estratégicos realizados em Ruanda entre os dias 2 e 4 de abril de 2025, o Encontro de Kigali com a Comunidade de Inteligência Artificial (IA) do Grand Challenges da Fundação Gates, e a Cúpula Global de IA da África, organizada pelo C4IR Rwanda em coordenação com o Fórum Econômico Mundial. Os eventos reuniram pesquisadores, representantes de governos e especialistas internacionais para debater o papel da IA na promoção do desenvolvimento com equidade.

Francisco Barbosa Junior, especialista em IA da equipe de Desenvolvimento da BIREME, representou o Centro nas atividades, apresentando experiências de inovação tecnológica para bibliotecas digitais, como os Super Resumos e o DeCS Finder IA. Desenvolvidos pela BIREME para impulsionar a transição digital dos produtos e serviços da Biblioteca Virtual em Saúde, os recursos se destacaram por operar com modelos especializados de linguagem e infraestrutura acessível.

No dia 2 de abril, o Encontro de Kigali com a Comunidade de IA do Grand Challenges reuniu pesquisadores e especialistas contemplados pelas iniciativas do Grand Challenges de Inteligência Artificial da Fundação Gates, para uma agenda de intercâmbio de conhecimento, demonstrações de projetos e articulações entre representantes do Sul Global. Em seguida, nos dias 3 e 4 de abril, o grupo uniu-se aos participantes da Cúpula Global de IA da África, incluindo líderes governamentais, especialistas em tecnologia e representantes de agências multilaterais, em debates sobre o papel da IA no enfrentamento de desafios sociais, com ênfase em saúde pública e equidade digital.

A programação incluiu sessões técnicas, pitches de projetos, rodas de discussão, painéis e comentários, com nomes como Bill Gates (Chairman da Fundação Gates), Sam Altman (CEO da OpenAI), Faure Gnassingbé (Presidente da República do Togo), Paul Kagame (Presidente da República de Ruanda), Paula Ingabire (Ministra de Inovação de Ruanda) e Trevor Mundel (Presidente de Saúde Global da Fundação Gates), que destacaram a urgência de ampliar o acesso a tecnologias digitais sustentáveis e com relevância local.

Em foco: equidade digital e soberania de dados

Durante os eventos, a experiência da BIREME chamou atenção pela eficiência técnica e pela viabilidade econômica de suas soluções de inteligência artificial, desenvolvidas para operar em contextos de infraestrutura limitada. Em sua participação, Francisco Junior apresentou dois produtos principais, os Super Resumos e o DeCS Finder IA.

Os Super Resumos foram concebidos com o objetivo de viabilizar a entrega de resultados utilizando grandes modelos de linguagem (LLMs) em ambientes com restrições de recursos computacionais. “Utilizamos uma versão reduzida e especializada do modelo LLaMA, da Meta, que roda em servidores próprios, com controle local e baixo consumo energético, o que é fundamental para instituições públicas como a que atuamos”, explica Junior. O projeto consiste na geração automatizada de sínteses curtas, entre 34 e 63 palavras, elaboradas a partir dos resumos de artigos científicos. As versões já produzidas estão disponíveis para consulta na base de dados MOSAICO, acessível pela BVS. Para o desenvolvimento da ferramenta, a equipe da BIREME aplicou técnicas de fine-tuning e engenharia de prompt, ajustando parâmetros como temperatura e foco temático para garantir qualidade e precisão. “Este processo é um primeiro passo para o desenvolvimento de soluções mais robustas, como um sistema de síntese de evidências automatizado”, complementa Junior.

Já o DeCS Finder IA foi projetado para melhorar a experiência do usuário na indexação de textos científicos em saúde. A ferramenta tem como base o Annif, sistema de código aberto desenvolvido pela Biblioteca Nacional da Finlândia para a automação da indexação por assunto de documentos, utilizando processamento de linguagem natural (NLP) e aprendizado de máquina (ML). Adaptado pela equipe da BIREME, o modelo analisa textos e identifica os descritores DeCS mais adequados para representar artigos científicos, resumos e textos completos. Além de facilitar a indexação semiautomática segundo a metodologia LILACS, o DeCS Finder IA é capaz de processar textos em diferentes idiomas e exportar resultados em formatos compatíveis para submissões a bases de dados ou periódicos.

Caminhos convergentes para a cooperação sul-sul

Os encontros também revelaram os desafios enfrentados pelo continente africano no acesso à infraestrutura computacional e à especialização linguística em IA. “Hoje, apenas 2% da capacidade global de servidores de IA está instalada no continente africano, o que limita significativamente a autonomia tecnológica da região. Soma-se a isso uma barreira cultural importante, a diversidade de idiomas e dialetos locais, muitas vezes ausentes nos grandes modelos de linguagem, dificulta a adaptação e o uso efetivo dessas tecnologias em contextos reais”, destaca o especialista.

A participação da BIREME nos eventos em Kigali destacou não apenas o potencial de tecnologias desenvolvidas a partir da América Latina, mas também a importância de abordagens inclusivas e sustentáveis para a inteligência artificial e a promoção da equidade entre países e regiões do mundo. O compartilhamento de experiências com outras instituições do Sul Global evidenciou a necessidade de investimentos em infraestrutura e de políticas públicas que garantam a soberania tecnológica dos países em desenvolvimento. Modelos especializados com controle local, como os adotados pela BIREME, têm sido reconhecidos pelos especialistas como alternativa viável e escalável para contextos de recursos limitados.

Além das apresentações técnicas, a Cúpula também marcou um avanço na governança digital do continente africano com o lançamento da Declaração Africana sobre Inteligência Artificial. O documento propõe princípios para o uso ético, responsável e inclusivo da IA, com atenção especial à diversidade linguística e à autonomia tecnológica – temas que também orientam a atuação da BIREME na América Latina e Caribe. A convergência de valores entre as iniciativas africanas e latino-americanas reafirma o papel estratégico da cooperação Sul-Sul na construção de uma transformação digital mais justa, acessível e centrada nas necessidades das populações.

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Cooperação técnica para o Memorial Virtual da Pandemia

No dia 25 de abril de 2025, a BIREME sediou uma reunião com equipes do Ministério da Saúde, da OPAS/OMS Brasil e especialistas para acordar o plano de trabalho conjunto do projeto de desenvolvimento do futuro portal online “Memorial da Pandemia de COVID-19”. A iniciativa será implementada no âmbito do Termo de Ajuste 13 (TA13) do Termo de Cooperação 95 (TC95), em coordenação com o Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS), com a Coordenação Geral de Documentação e Informação (CGDI), Subsecretaria de Assuntos Administrativos (SAA) da Secretaria Executiva (SE) do Ministério e a BIREME/OPAS/OMS.

Assim, mais uma etapa da cooperação técnica se encaminha efetivamente entre as instituições envolvidas com projetos voltados para o fortalecimento das políticas de memória, comunicação e preservação documental no contexto da saúde pública. O Memorial da Pandemia será um espaço físico e digital com foco em depoimentos sobre as marcantes experiências e histórias dos indivíduos na pandemia incluindo as ações dos trabalhadores da saúde, e a reflexão sobre os desafios enfrentados durante esse período crítico da história recente do Brasil e do mundo.

Sobre a relevância do projeto, Fabíola Simoni Santos, chefe do Centro Cultural do Ministério da Saúde (CCMS/CGDI/SAA/SE), destacou: “A implantação do repositório do Memorial da COVID-19 é de extrema importância, pois concretiza os conceitos de memória e reparação, tanto para a sociedade civil quanto para os setores governamentais, acadêmicos e de pesquisa. Trata-se de garantir que este momento histórico seja lembrado, e que os relatos e registros capturados desse período estejam sempre preservados e acessíveis. Além de inovador pelo tema que aborda, o projeto se destaca também pela robustez digital que vem sendo planejada para sua implementação.”

O plano de trabalho pactuado envolve etapas de gestão e governança, o desenvolvimento das coleções documentais e bibliográficas que constituirão o repositório, sistema para a gestão dos conteúdos, o desenvolvimento do portal online em si, e as ações de comunicação e divulgação. O cronograma de trabalho para o desenvolvimento do portal do Memorial da COVID-19 prevê atividades e entregas programadas até agosto de 2026 em sua primeira fase.

Durante o encontro realizado na BIREME, foram alinhadas também as diretrizes para o desenvolvimento do produto, baseado no mapeamento de iniciativas brasileiras e latino-americanas de memória, e incluindo premissas legais, éticas, entre outros aspectos essenciais para o êxito e sustentabilidade da cooperação da técnica.

A construção do portal online do Memorial da Pandemia de COVID-19 representa um compromisso coletivo com a preservação da memória histórica, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a valorização da ciência e a promoção dos direitos humanos. Para o Ministério da Saúde do Brasil, a iniciativa está ancorada na convicção de que lembrar é um passo essencial para aprender, reparar e transformar.

As equipes da BIREME, CCMS, CGDI do Ministério da Saúde, OPAS Brasil e especialistas na área de preservação foram unânimes quanto aos aprendizados, perspectivas sobre os resultados a serem alcançados e sinergias para que a iniciativa seja de referência também para os demais países da Região da América Latina e do Caribe. “O desenvolvimento do Memorial Virtual em Saúde para a COVID-19 representa um avanço nas fronteiras digitais dos produtos e serviços de informação, ao integrar memória, inovação e tecnologia em prol do bem coletivo. Este modelo potente coloca a tecnologia e a inovação digital de ponta a serviço da saúde coletiva. A partir desta primeira implementação, esperamos desenvolver uma nova linha de cooperação técnica que permita aos países da nossa região documentar experiências e vivências da jornada de suas populações rumo à concretização do direito à saúde para todos e todas nas Américas”, ressaltou o diretor João Paulo Souza.

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Ciência, conhecimentos ancestrais e transformação digital em diálogo pela saúde pública

Como combinar ciência, conhecimento ancestral e transformação digital em prol da saúde pública? Essa foi a proposta apresentada por João Paulo Souza, diretor da BIREME/OPAS/OMS, durante o seminário Saberes do Cuidado, realizado nos dias 8 e 9 de abril, em São Paulo, como parte da programação do SESC Inspira, que celebra o Dia Mundial da Saúde com atividades educativas e culturais em suas unidades.

Organizado pelo Serviço Social do Comércio (SESC) de São Paulo – uma instituição brasileira dedicada à promoção da saúde, cultura, educação e bem-estar social – o evento reuniu mais de 200 participantes, incluindo profissionais de saúde, formuladores de políticas locais, funcionários de várias unidades do SESC e o público em geral. O seminário também contou com a presença de acadêmicos renomados, profissionais de saúde e curandeiros tradicionais, refletindo uma abordagem intercultural do cuidado e do conhecimento.

Em sua intervenção, João Paulo Souza compartilhou o progresso na construção colaborativa da Biblioteca Global de Medicina Tradicional da OMS (Traditional Medicine Global Library, TMGL), uma iniciativa liderada pela BIREME e pelo Centro Global de Medicina Tradicional da OMS (WHO GTMC), em articulação com outras instituições e redes colaborativas.

Souza ressaltou que a transformação digital tem o potencial de ser uma grande aliada do conhecimento tradicional: “A transformação digital pode ser uma aliada da ancestralidade quando é utilizada para preservar, conectar e proteger o conhecimento dos povos. A partir desta perspectiva, é possível desenvolver bases de dados multissistêmicas para identificar práticas seguras, eficazes e culturalmente adequadas inspiradas na sabedoria tradicional.”

A TMGL foi apresentada como uma infraestrutura digital colaborativa e descentralizada, projetada para integrar conhecimentos, práticas e sistemas de cuidados tradicionais de diferentes regiões do mundo, em diálogo com uma abordagem científica contemporânea. Concebida a partir de uma perspectiva multissistêmica, a biblioteca busca articular o conhecimento ancestral com a ciência moderna e as tecnologias digitais, promovendo o respeito intercultural, a equidade em saúde e a sustentabilidade. De acordo com Souza, esta abordagem abre a possibilidade de enriquecer as políticas e práticas de saúde pública, integrando diferentes racionalidades médicas sob critérios de segurança, eficácia e relevância cultural.

Souza explicou que a TMGL incluirá um portal global, seis portais regionais e coleções nacionais e temáticas, como Ayurveda, medicamentos indígenas, medicina ancestral africana e medicina afro-diaspórica, entre outros. Suas funcionalidades incluem acesso a bases de dados científicas, mapas de evidências, preservação digital do conhecimento tradicional, proteção da propriedade intelectual coletiva de povos indígenas e comunidades locais (PICL). Tudo isso com o objetivo de fortalecer a tomada de decisões informadas e culturalmente apropriadas em políticas públicas e sistemas de saúde.

Durante sua apresentação, o diretor da BIREME também destacou o desafio de promover um diálogo epistêmico respeitoso e produtivo entre os diferentes sistemas de conhecimento: “O desafio é como garantir o acesso universal, inclusivo e respeitoso a estas práticas, reconhecendo seu valor comunitário, ancestral e espiritual, ao mesmo tempo em que se identificam aquelas que são seguras, eficazes e culturalmente apropriadas para fortalecer os sistemas de saúde a partir de uma perspectiva pluralista”, afirmou.

A apresentação foi concluída com um apelo à colaboração, enfatizando que a TMGL é um bem público construído coletivamente, cujo desenvolvimento depende do compromisso conjunto de redes, comunidades, instituições e tomadores de decisão: “Nada se constrói sozinho. A TMGL será um bem público, resultado da colaboração entre redes, comunidades e instituições.”

João Paulo Souza durante sua apresentação no seminário “Conhecimento do Cuidado”, parte do programa SESC Inspira, que comemora o Dia Mundial da Saúde com atividades educativas e culturais em suas unidades.

Mais informação: https://www.sescsp.org.br/editorial/saberes-do-cuidado/.

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/04/30/ciencia-conhecimentos-ancestrais-e-transformacao-digital-em-dialogo-pela-saude-publica/

DeCS Edição 2025 está disponível

O tesauro multilíngue Descritores em Ciências da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS), mantido pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde da Organização Pan‑Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (BIREME/OPAS/OMS), incorporou 206 novos descritores em sua atualização 2025, 192 provenientes do MeSH e 14 inseridos nas categorias exclusivas do DeCS. A versão mais recente foi disponibilizada para consulta em 28 de março de 2025.

Com crescimento de 0,8 % em relação à edição anterior, o DeCS reúne cerca de 735 mil termos (descritores e sinônimos) em quatro idiomas, permanecendo como vocabulário de referência para organização e recuperação da literatura científica e técnica em saúde.

Principais mudanças da edição 2025

Categorias com maior número de novos descritores

  • L – Ciência da Informação … 45
  • D – Compostos Químicos e Drogas … 44
  • C – Doenças … 19
  • N – Assistência à Saúde … 19
  • E – Técnicas e Equipamentos Analíticos, Diagnósticos e Terapêuticos … 16
  • F – Psiquiatria e Psicologia … 13
  • SP – Saúde Pública … 12
  • I – Antropologia, Educação, Sociologia e Fenômenos Sociais … 8
  • G – Fenômenos e Processos … 6
  • M – Denominações de Grupos … 6

Projetos especiais DeCS e MeSH

A edição 2025 ajusta o vocabulário em sintonia com debates sobre tecnologia e inclusão. A categoria L – Ciência da Informação ampliou a temática de inteligência artificial, incorporando descritores como Inteligência Artificial GenerativaModelos de Linguagem de Grande Escala e Redes Generativas Adversariais, termos presentes em estudos sobre algoritmos de criação de texto e imagem.

A terminologia relacionada a gênero e sexualidade também foi revisada. Expressões como Gestantes de Substituição e Cirurgia de Afirmação de Gênero substituem denominações anteriores, alinhando o DeCS a recomendações internacionais de linguagem inclusiva.

Em parceria com especialistas da BVS Enfermagem, a atualização introduz descritores que tratam da profissão como prática social e do processo de trabalho em saúde, bem como alterações em notas de escopo e inclusão de diversos sinônimos a descritores já existentes.

A categoria Homeopatia teve concluída a revisão iniciada em 2022, com uma reorganização hierárquica. Os medicamentos passaram a ser classificados pela origem, animal, vegetal, viral ou bacteriana, o que simplifica a pesquisa por tipo de matéria‑prima.

Atendendo a sugestões de usuários, as categorias exclusivas do DeCS passaram a contemplar descritores estratégicos para a Saúde Pública, como Abrigo para Pessoas com Transtornos Psiquiátricos, Epizootia, Taxa de Abandono Vacinal e Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação e para a Vigilância em Saúde, como Baciloscopia. As inclusões reforçam a importância do diálogo contínuo com indexadores, pesquisadores e profissionais de saúde, cujo retorno mantém o tesauro alinhado às demandas de informação da prática e da pesquisa.

Webinário de lançamento

Transmitido ao vivo em 3 abril 2025, o webinário de apresentação da edição 2025 reuniu 193 participantes de 16 países. O público foi majoritariamente do Brasil (112 participantes; 58 %), seguido por Colômbia (19; 10 %), Argentina (15; 8 %) e Honduras (13; 7 %). Participaram ainda representantes de Angola (1), Bolívia (3), Chile (2), Costa Rica (3), El Salvador (6), Guatemala (4), México (1), Panamá (1), Peru (4), República Dominicana (3), Uruguai (5) e Venezuela (1).

O evento contou com exposições de Josilaine Oliveira Cezar (PUC-PR), Ana Cristina Espindola Campos e Luciana Piovezan Rio Branco (ambas da BIREME/OPAS/OMS), que abordaram aplicações do DeCS, detalhes da atualização 2025 e retrospectiva da edição 2024.

A edição 2025 do DeCS reafirma o compromisso da BIREME em manter o tesauro alinhado à evolução do conhecimento científico e às demandas terminológicas da Região. Veja mais informação da atualização anual em Edição 2025 – DeCS.

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/04/30/decs-edicao-2025-esta-disponivel/
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Ensino em Saúde com IA e acesso à informação motivou evento

De 14 a 17 de abril de 2025, a BIREME/OPAS/OMS participou do 1º Simpósio: O Panorama do Ensino em Saúde no Município de São Paulo, realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS-SP), por meio da Escola Municipal de Saúde (EMS). O evento reuniu trabalhadores, docentes, gestores e autoridades do setor para debater os desafios e avanços da formação em saúde no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS).

Na solenidade de abertura, o Secretário Municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, realizou a palestra inaugural destacando a importância da capacitação técnica contínua como estratégia para qualificar o cuidado à população. Em seguida, o Diretor da BIREME/OPAS/OMS, João Paulo Souza, participou da mesa de autoridades ao lado de representantes de instituições parceiras, contribuindo com a perspectiva da Organização Pan-Americana da Saúde sobre inovação e transformação digital no campo da educação em saúde.

A BIREME também marcou presença na programação técnica do simpósio com o painel Inteligência Artificial aplicada à informação e ao ensino em saúde, realizado na quarta-feira (16). Os especialistas Francisco Barbosa Junior, Elisabeth Biruel e Juliana Sousa abordaram temas como a aplicação de IA na produção e recuperação de informação científica, o desenvolvimento de produtos inovadores no contexto da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e os desafios éticos relacionados ao uso dessas tecnologias no campo da educação e da pesquisa.

A programação incluiu ainda a mostra temática “BVS: uma ferramenta para o Ensino e Educação em Saúde”, com destaque para a BVS SMS São Paulo, desenvolvida no âmbito do convênio de cooperação técnica estabelecido entre a BIREME e a SMS-SP. A atividade destacou as facilidades de acesso e as vantagens de usar fontes confiáveis de informação científica e técnica para subsidiar a atuação dos trabalhadores da saúde no município.

Cooperação técnica

São Paulo é a cidade com maior população das Américas, com cerca de 12 milhões de habitantes, mais de mil equipamentos de atenção à saúde – sendo 480 voltados exclusivamente à atenção primária – e um contingente de trabalhadores que ultrapassa 120 mil profissionais de todas as áreas. Nesse cenário, o fortalecimento da educação permanente e do acesso à informação em saúde é estratégico para a qualificação da atenção prestada à população.

A cooperação técnica entre a BIREME/OPAS/OMS e a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP) foi formalizada em 2010, com o objetivo principal de desenvolver a Biblioteca Virtual em Saúde da SMS São Paulo (BVS SMS-SP). Em 2013, teve início a Fase II da parceria, focada no fortalecimento, desenvolvimento e suporte técnico da BVS. A Fase III foi formalizada em maio de 2021, com duração prevista até maio de 2025, visando a manutenção, atualização e inclusão de novas fontes de informação na BVS SMS-SP.

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/04/30/ensino-em-saude-com-ia-e-acesso-a-informacao-motivou-evento/

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#bireme58anos – Transformação Digital, IA e Acesso à Informação

Março de 2025 marca os 58 anos da BIREME – o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde da Organização Panamericana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) – uma das instituições mais longevas e estratégicas na Região das Américas. Fundada em 1967 como Biblioteca Regional de Medicina, a BIREME mantém sua missão original de facilitar o acesso à informação científica e técnica em saúde, ao mesmo tempo em que se reinventa frente aos desafios contemporâneos impostos pela transformação digital, pela inteligência artificial (IA) e pela demanda crescente por conhecimento de qualidade que oriente decisões em saúde pública.

Ao longo de mais de cinco décadas, a BIREME consolidou-se como centro de referência em gestão da informação e do conhecimento em saúde, com um modelo de cooperação técnica baseado na criação e desenvolvimento de Bibliotecas Virtuais em Saúde (BVS) e outros produtos informacionais, os quais são estruturados em redes regionais e alinhados às necessidades dos sistemas de saúde dos países da América Latina e do Caribe. Vinculado ao Departamento de Evidência e Inteligência para Ação em Saúde (EIH) da OPAS/OMS, o Centro opera em estreita colaboração com instituições e redes nacionais regionais e globais.

Transformação digital e inovação orientam a Estratégia 2023-2025

Nos últimos anos, a BIREME tem avançado em um processo de transformação institucional que reflete as mudanças no ecossistema global da informação científica. A Estratégia BIREME 2023-2025 introduz três pilares centrais: o fortalecimento da capacidade de tomada de decisões nos sistemas de saúde; a ampliação das parcerias estratégicas e da cooperação técnica regional; e a inovação digital com uso de tecnologias avançadas, especialmente a inteligência artificial (IA).

Entre os marcos recentes, destaca-se a BVS como parte fundamental do seu programa de cooperação técnica, lançada em 1998 e que atualmente reúne 58 fontes de informação, mais de 39 milhões de registros e uma média anual de 41 milhões de sessões no portal regional. Reconhecida como Boa Prática de Cooperação Sul-Sul pelas Nações Unidas, aos 27 anos, a BVS continua sendo uma das principais portas de entrada ao conhecimento científico em saúde da América Latina e do Caribe.

Principal fonte de informação da BVS, a base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) com 40 anos de operação, também reflete os 58 anos de trajetória da BIREME em prol da valorização da ciência produzida na Região. Com mais de 1,1 milhão de documentos científicos e técnicos da América Latina e do Caribe, a LILACS foi ampliada em 2024 com o lançamento da LILACS Plus — uma coleção integrada que reúne cerca de 2 milhões de registros oriundos da própria LILACS, da MEDLINE e de outras fontes. A iniciativa fortalece a visibilidade da produção científica regional e sua inserção nos fluxos globais de informação em saúde.

Iniciativas com IA e cooperação regional e global

A aplicação da IA nos processos de gestão da informação também ganhou destaque em 2024 com o desenvolvimento do DeCS Finder IA, ferramenta que acelera e aprimora a indexação automática de documentos com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH), sistema utilizado por centenas de instituições na organização da literatura em saúde.

Nesse mesmo contexto, a BIREME ampliou sua atuação na produção de Mapas de Evidência, recurso gráfico que apoia a sistematização de estudos científicos para subsidiar a formulação de políticas públicas. Ao todo, são 72 mapas de evidência disponíveis, dos quais 17 foram lançados apenas em 2024, com uma nova plataforma em desenvolvimento para integração baseada em IA.

A dimensão cooperativa da atuação da BIREME se manifesta na intensa agenda de reuniões com a Rede BVS e suas redes associadas, que registraram aumento de 20% na participação em 2024, com 22 sessões realizadas e mais de 100 conexões por encontro, reunindo países de toda a Região. Em âmbito global, a BIREME lidera ações como o Global Index Medicus (GIM), agora com mais de 2 milhões de registros; e o desenvolvimento da Biblioteca Global de Medicina Tradicional (TMGL), prevista para lançamento global na Segunda Cúpula Mundial da OMS sobre Medicina Tradicional, em dezembro de 2025.

Novos produtos, saúde digital e fortalecimento institucional

Com o Ministério da Saúde e a OPAS Brasil, a BIREME vem colaborando com o desenvolvimento de soluções digitais voltadas à Atenção Primária e Especializada em Saúde. Um dos destaques é o novo programa de Segunda Opinião Formativa (SOF), que responde a perguntas frequentes das equipes de saúde com base em evidências contextualizadas para o SUS. Outro exemplo é a Plataforma de Apoio à Decisão, voltada à população em geral, que busca aprimorar o processo de cuidado e a autonomia dos cidadãos.

Além disso, a BIREME apoia tecnicamente a Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA) com desenvolvimento de APIs, plugins e melhorias nos fluxos de publicação de indicadores, fortalecendo a capacidade analítica do sistema de saúde brasileiro.

Internamente, o Centro avança na adoção de metodologias ágeis, na modernização de sua infraestrutura computacional e na qualificação de seu corpo técnico e de gestão também como equipe de alto desempenho. A promoção de uma cultura organizacional voltada à inovação, aliada ao fortalecimento contínuo de parcerias institucionais e à diversificação das suas fontes de financiamento, são estratégias-chave para garantir a sustentabilidade institucional e ampliar o impacto da BIREME no futuro próximo.

58 anos em prol do conhecimento em saúde

A trajetória da BIREME é marcada por seu papel estratégico como elo entre a ciência e a ação em saúde, apoiando gestores, profissionais, pesquisadores, usuários e cidadãos na construção de sistemas mais informados, resilientes e orientados pelo conhecimento técnico e científico. Essa missão, continuamente renovada ao longo dos anos, segue ainda mais relevante diante dos desafios atuais e futuros da Região.

“Aos 58 anos, a BIREME reafirma seu compromisso com a inovação, a cooperação e o acesso equitativo à informação científica e técnica em saúde. Em um mundo em constante transformação, essa missão torna-se ainda mais essencial para a promoção da saúde e do bem-estar dos povos das Américas. É uma honra e um privilégio dirigir o Centro neste momento. Saúdo e agradeço a toda a família BIREME — nossos colaboradores, parceiros institucionais e usuários — por seu compromisso com essa trajetória.”
João Paulo Souza, Diretor da BIREME/OPAS/OMS.
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Rumos da Biblioteca Virtual em Saúde nos seus 27 anos

Em março de 2025, a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) completa 27 anos como um modelo estratégico consolidado para a gestão da informação em saúde na América Latina e Caribe (AL&C). Para celebrar a data, a BIREME reafirma seu compromisso com a Rede BVS por meio da modernização e a integração das instâncias nacionais no Portal Regional da BVS, promovendo um acesso mais equitativo e representativo à informação científica e técnica produzida na região.

Segundo Verônica Abdala, gerente de Produtos e Serviços de Informação da BIREME/OPAS/OMS, em novembro de 2023, quando foi realizada a última reunião presencial da Rede BVS , especialistas e gestores reconheceram a necessidade de reformulação e realinhamento do modelo ao atual contexto digital e informacional. Para Abdala, a BVS segue sendo um modelo potente e eficiente, mas que precisa evoluir para manter sua relevância e impacto.

“A BVS pode e deve contribuir ainda mais para a missão de ampliar o acesso à informação em saúde na região. A integração das instâncias nacionais no Portal Regional é um passo essencial nesse processo”, destacou.

Nova fase: integração das instâncias nacionais

O principal avanço do próximo ciclo de desenvolvimento da BVS será a expansão do Portal Regional da BVS e a criação de espaços para integração das instâncias nacionais. Com essa inovação, todos os países da rede terão visibilidade dentro da plataforma de maneira individualizada, porém integrada. “Nossa proposta prevê a construção de espaços personalizados para cada país, reunindo, em um único ambiente, toda a produção científica e técnica disponível em cada país da Região”, adiantou Verônica.

No modelo atual, alguns países operam instâncias nacionais da BVS com portais próprios, o que exige infraestrutura técnica local e atividades de atualização contínua. Essa dispersão tem resultado em dificuldades operacionais para sua manutenção. Com a nova abordagem, o Portal Regional da BVS pretende consolidar-se como um único repositório integrado e fortalecido das coleções de fontes de informação das instâncias nacionais, ampliando o controle bibliográfico e garantindo maior acesso e visibilidade à produção científica e técnica da Região.

“Estamos promovendo a criação de uma grande coleção regional que contemple a produção científica e técnica dos países, permitindo que cada país tenha seu próprio espaço dentro do Portal Regional, de forma customizada para cada contexto”, explicou Verônica Abdala.

Mais inclusão e visibilidade para os países

A mudança permitirá incluir e ampliar a representatividade de países que enfrentam desafios técnicos e operacionais para a implementação de suas instâncias nacionais. Na nova estrutura, países que têm uma produção científica significativa, mas que no momento não contam com um portal próprio na BVS, passarão a ter um espaço específico consolidado dentro do Portal Regional para divulgar sua produção científica, promovendo o acesso, a visibilidade e a participação ativa na construção da BVS Regional.

Para Joanita Barros, Analista de Informação Sênior na BIREME, “a integração dos países ao Portal Regional da BVS trará mais sustentabilidade à Rede BVS e promoverá um modelo mais equitativo, assegurando a visibilidade da produção científica de cada nação em um espaço único, integrado e fortalecido. Além disso, esse novo modelo permitirá que cada país concentre seus esforços na articulação de sua rede, na atualização de sua coleção e no controle bibliográfico de sua produção científica”.

Próximos passos

A implementação do novo modelo está em fase inicial e figura entre as prioridades estratégicas da BIREME para 2025. Um grupo de trabalho está sendo formado por representantes de diferentes países para discutir o desenvolvimento dos padrões que servirão de base para as páginas nacionais. Além disso, as instâncias temáticas da BVS também poderão ser conectadas a esses espaços virtuais, garantindo uma estrutura mais coesa e organizada.

“O mundo mudou, e o modelo da BVS precisa se adaptar a essa nova realidade. A essência do trabalho em rede, da gestão descentralizada da informação e da cooperação entre países continua mais atual do que nunca”, ressaltou Verônica Abdala.

Com essa reformulação, a BVS reforça seu compromisso com a democratização do conhecimento e o fortalecimento da Rede, promovendo um acesso mais amplo, equitativo e sustentável à informação em saúde na América Latina e Caribe.

Fonte: https://boletin.bireme.org/pt/2025/03/31/rumos-da-biblioteca-virtual-em-saude-nos-seus-27-anos/